22 de out. de 2010

Quarenta e Dois


Quarenta e dois? Como assim?

Faz pouco tempo e eu tava preocupado com minhas notas, pensando no esporro que eu ia tomar ao chegar em casa e contar que tinha repetido de ano!

Quarenta e dois? Ah, sem essa!

Foi outro dia que eu estava absorvendo os ensinamentos dos grandes mestres, Pato Donald e Batman!

Quarenta e dois? Não pode ser!

Ainda há pouco eu estava ouvindo pela primeira vez Ramones e Husker Du, e aprendendo a tocar bateria!

Quarenta e dois? Peraí!

Ontem mesmo eu tava prestando atenção nas pernas daquela garota da minha sala de aula, pensando em como ia chegar nela!

Quarenta e dois? Má que merda!!!

Hoje de manhã mesmo eu tinha acabado de subir ao palco, para agradecer os aplausos no fim naquela peça!

Quarenta e dois? Cáspita!

A dez minutos atrás eu estava enxugando as lágrimas, pensando em como seria minha vida dali em diante, sem meu pai.

Quarenta e dois? Potz!

A cinco minutos atrás eu estava enxugando as lágrimas, pensando em como seria minha vida dali em diante, tendo uma filha!

Quarenta e dois? Opa!

Há dois minutos atrás eu estava mensurando – atordoado de felicidade - como seria minha vida dali em diante, morando em outra cidade, casado e com mais dois filhos!

Pois é; tempo é o que nos acontece, enquanto estamos ocupados com outras coisas.

O tempo da minha pele-e-carne-e-ossos é um; a minha mente tem seu próprio tempo.

Às vezes, vivo como um velho.

Às vezes penso que vou morrer um molecão.

Enfim.

Relógios e calendários? Nem tô.


[Em tempo: este é o post nº 100 desta geringonça! Tá, eu sei, não muda em nada a vida de ninguém saber disso. Nem a minha. Deixa pra lá. ]

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